Sem título, 2011
Óleo sobre tela, 50 x 70 cm
Foto: Pat Kilgore
A linha florescente
Elizabeth Jobim
Ao invés de uma linha, uma costura. Nessas pinturas recentes de Elizabeth Jobim, os planos estão interligados, unidos não mais por uma linha abstrata, mas por uma marca física, plenamente visível como elemento manifesto – interrupção e separação dos planos de cor. Aqui, a tela se organiza à maneira de um patchwork absolutamente bidimensional, uma construção de tecidos organizados e costurados fora do chassi, e como um transplante de bidimensional tornado pintura – a pele mesma pintura. (leia mais)
Entre tempos II
Elizabeth Jobim
Meu trabalho tem esse cerne que é a passagem do espaço ao plano e vice-versa. Da visada da escultura no espaço ao desenho no plano do papel nos 80, das telas com volume nos anos 2000 aos Blocos de pintura no espaço.
Hoje as pinturas estão na parede e se abrem pela costura, seu avesso e sua dobra, projetando-se no espaço. (leia mais)
Entre tempos
Raphael Fonseca - Texto da Exposição Entre tempos - Galeria Simões de Assis, Curitiba - 2021
A trajetória de Elizabeth Jobim dentro do campo das artes visuais possui cerca de quatro décadas; sua primeira participação em uma exposição foi em 1982, no Rio de Janeiro. Quando observamos trabalhos de diferentes momentos de sua pesquisa, dois elementos parecem constantes: a pintura e suas relações com o corpo humano. (leia mais)
Lembra
Lauro Cavalcanti - Texto da exposição Frestas Lurixs, Rio de Janeiro - 2019
Para o menino maranhense Ferreira Gullar, cada objeto continha, debaixo dele, o seu nome. Um pedaço de rocha teria, gravado na terra, o seu significante, “pedra”. Sob o tronco, estaria escrito o vocábulo “árvore” e, no fundo do curso d’água, “rio”. Adulto e carioca, o poeta, a propósito desse hábito da infância, compôs o poema-objeto no qual um pequeno cubo azul, uma vez levantado da base branca, revelava a palavra “lembra”. (leia mais)
Variações
Antônio Sérgio Bessa - Texto da exposição Variações no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2019
Esta exposição foi concebida como uma provocação conceitual, na qual a artista consentiu em reduzir seu vocabulário a um mínimo – tanto no que diz respeito ao formato, às cores ou aos materiais – articulando-o por meio de variações. Assim, o curador esperava tornar aparente a gramática desse processo. (leia mais)
Ensaios
Marta Mestre - Texto da exposição Ensaios na Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, 2018
Nos últimos 35 anos o trabalho de Elizabeth Jobim foi acompanhado de várias leituras críticas que aprofundaram o seu léxico singular e observaram persistências e rupturas que merecem ser novamente recolocadas. (leia mais)
A Constructivist Diagram: Beth Jobim’s Archaeology of Abstract Forms
Juan Ledezma - Texto da exposição In This Place, Henrique Faria Fine Art, New York - 2017
If concepts can be visual or visuality conceptual, it might be said of Beth Jobim’s recent artistic output that it provides a visual concept of disjunction. (leia mais)
O Lugar dos Enigmas Possíveis, Sublime Invólucro
Jorge Emanuel Espinho - Rio de Janeiro - 2015
No encontro com a obra de arte somos frequentemente remetidos a um lugar de expectativa passiva, a uma paisagem árida onde impera uma não-ação/interação meramente contemplativa, e apenas interiorizadora dos frugais conteúdos já definidos e transportados naquela obra. (leia mais)
Blocos
Luiz Camillo Osório - Texto da Exposição - MAM, Rio de Janeiro - 2013
Esta exposição de Beth Jobim é um momento novo de sua obra, deslocando a pintura e a cor para atuarem diretamente no espaço real do espectador. Os Blocos são ao mesmo tempo pintura, escultura e instalação. Eles funcionam isolados, como blocos ativos de cor, mas também podem ser integrados enquanto instalação, dinamizando todo o espaço a sua volta. O espectador deve percorrê-lo livremente, criando sua própria narrativa de apreensão e circulação. (leia mais)
Moradas
Felipe Scovino - Texto da Exposição Mineral - Lurixs, Rio de Janeiro - 2012
Escrever sobre os legados do neoconcretismo na arte brasileira tem sido uma constante nos últimos anos. Temas como arte e vida, geometria sensível e organicidade viraram recursos infalíveis desse atravessamento temporal e estabeleceram um modelo para a passagem entre modernidade e contemporaneidade nas artes visuais brasileiras. Afora os ruídos dessas categorias, a obra de Elizabeth Jobim ressalta o melhor desse diálogo entre neoconcretismo (ou as linguagens construtivas brasileiras) e as produções artísticas posteriores. (leia mais)
Em Azul
Taisa Palhares - Texto da Exposição - Pinacoteca, São Paulo - 2010
Artista que inicia sua trajetória na década de 1980, Elizabeth Jobim vem desenvolvendo uma produção que busca repensar a pintura sob o ponto de vista contemporâneo e a partir dos impasses impostos pela arte moderna. Jobim realiza desde os anos 2000 grandes instalações pictóricas em partes moduladas que são concebidas para lugares específicos, como é o caso de Em Azul, realizada especialmente para uma das salas da Estação Pinacoteca. (leia mais)
De Pedras à Arquitetura
Paulo Venancio Filho - Texto da Exposição Voluminous - Galeria Frederico Séve, Nova Iorque - 2009 / Publicado em: A Presença da Arte - Editora Cosac Naify, São Paulo - 2013
A atmosfera das pinturas é ao mesmo tempo aérea e sólida. Clara e franca, como a de uma arquitetura à beira-mar. Os elementos pictóricos não se opõem, mas se contrapõem como na arquitetura, de modo que parece que estamos nu outro plano construtivo, diverso daquela casualidade dos arranjos das pedras que serviram de modelo para toda uma série de desenhos que antecedeu as telas de agora. (leia mais)
Elizabeth Jobim: Endless Lines
Susan Hoeltzel - Texto da Exposição Endless Lines- Lehman College Art Gallery, New York - 2008
Lehman College Art Gallery is pleased to present Endless Lines, the first major exhibition in the United States of the work of Brazilian artist Elizabeth Jobim. Itis being presented concurrently with another installation from the Endless Lines series at Lurixs Arte Contemporanea in Rio de Janeiro. Together they offer an important window onto the work of Elizabeth Jobim. Claudia Calirman, the co-curator of this exhibition, first brought Jobim’s paintings to our attention several years ago. (read more)
Elizabeth Jobim: Linhas Infinitas
Claudia Calirman - Texto das Exposições: Sem Fim - Lurixs, Rio de Janeiro - 2008 / Elizabeth Jobim: Endless Lines - Lehman College Art Gallery, Nova Yorque - 2008 - Versão original em Inglês - Tradução Liz Hmoriconi
Onde começa e onde termina uma obra? Há ponto de partida ou ponto final? Um fluxo intermitente de linhas e volumes azuis toma os espaços brancos das telas. Aos poucos se apropriam do espaço ao redor e criam um ambiente arquitetônico. Corte e continuidade, fluxo e interrupção, moradas parciais e ninhos, espaços inertes e ativados criados por linhas que avançam continuamente, entrando de uma tela para a outra. A obra de Elizabeth Jobim está em processo continuo, em fluxo permanente, sempre a se desdobrar em novas formas. (leia mais)
Paisagens Airadas
Taisa Palhares - Horizontais: Elizabeth Jobim - Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo - 2007
Talvez pudéssemos interpretar, de forma um tanto quanto simplificada, a passagem do desenho à pintura na produção dos últimos anos de Elizabeth Jobim como a transformação da natureza-morta em paisagem. Naturalmente não penso aqui numa concepção tradicional destes gêneros. Sabemos que os arranjos de pedras presentes como o “assunto” dos desenhos da artista na verdade respondiam às questões diversas: da incompletude e transitoriedade da percepção à dialética entre espaço interno e externo das coisas. (leia mais)
A Persistência da Pintura
Paulo Sérgio Duarte - 5ª Bienal do Mercosul - Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre - 2005
Estamos diante da pele do vazio. E ela nos envolve como a pele envolve nossa carne. A pintura nos abraça nesse ambiente que nos acolhe. Estamos recolhidos pelo espaço projetado pela artista como a pele recolhe nossos músculos, nossa carne, mas é pintura. Essa pele não tem nada a ver com os apelos orgânicos, quer ser só pintura, colada na parede, e nos envolve. O que Beth nos solicita tem tudo a ver à lição do poeta de uma “educação pela pedra”, agora quase literal. (leia mais)
Negar a Firmeza Precária das Coisas
Paulo Sérgio Duarte - Texto da Exposição - Centro Cultural de São Paulo, São Paulo - 2003
Passa um vento pelos rochedos vazados. São notícias do vazio no qual se transformou toda profundidade. Vento que desmancha até mesmo as pedras. Desfaz o desenho e acaba com a rigidez do mundo. É preciso negar a firmeza precária das coisas para reconstituí-la na realidade da arte. (leia mais)
A Idade das Pedras
Paulo Venancio Filho - Texto da Exposição - Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo - 2001
Por que essas coisas tão inóspitas, tão sem-assunto, pedras? Pedras são pedras, sem mistério, alegoria, símbolo — coisa à-toa, para se chutar. E esses desenhos se referem a pedras de diversas maneiras. São quase um estudo da pureza sólida do mineral. Matéria, forma, peso estão aí bidimensionalizados. Mas estão, especialmente, como coisas comuns e sem atrativos que amontoados ao acaso formam um conjunto que nada mais é do que uma natureza-morta de pedras. (leia mais)
As Coisas Certas
Rodrigo Naves - Texto da Exposição - Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo - 2000
No início eram pedras. No fim, também. Foram pedras os objetos de que Elizabeth Jobim partiu. E seus desenhos têm igualmente cara de pedra: arestas marcadas, alguma solidez, um aspecto quebradiço de coisas rígidas. E no entanto são planos como uma folha de papel. E o que interessa está justamente na passagem de um a outro. Ou seja: como ir de objetos sólidos e tridimensionais a desenhos que, como poucos, tiram o maior proveito de seus limites físicos? (leia mais)
Avant-garde ou Kitsch?
Cecilia Cotrim - Texto das Exposições: Elizabeth Jobim: Pinturas - Galeria Parangolé, Brasília - 1994 / Elizabeth Jobim - Museu da República, Rio de Janeiro - 1993
As aquarelas e óleos de Elizabeth Jobim interrompem o curso de uma produção artística que já surge destinada ao planeta da estética. Entre cáusticos e líricos, desafiam a saturação contemporânea. (leia mais)
Improvisos Reflexivos
Ronaldo Brito - Texto da Exposição Elizabeth Jobim: Desenhos - Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro - 1988 / Publicado em: Experiência Crítica - Editora Cosac & Naify, São Paulo - 2005
A virtude inicial dos desenhos de Elizabeth Jobim está no modo honesto e singular com que se dispõem a enfrentar o dilema contemporâneo - com a obrigação de incorporar a tradição moderna, cada vez mais densa e opressiva, produzir uma linguagem presente, que mantenha em aberto o campo dos possíveis. Daí o esquema algo didático, algo irônico, de estudos casuais: frente ao modelo há tanto o esforço positivo de assimilação dos valores plásticos ilusionistas quanto o distanciamento e a desintegração dos nexos da tradição. (leia mais)